Galiza e o Galego

Podemos, em conseqüência, imaginar umha Galiza que nom fale galego. Por exemplo, umha Galiza absolutamente castelhanizada. Ou, se queremos pensar numha situaçom menos radical, umha Galiza onde o galego seja respeitado, mas nom promovido. Ou mesmo umha Galiza onde o galego seja considerado como umha relíquia histórica, ou como umha típica modalidade folclórica que a fins turísticos convenha conservar. Poderíamos estabelecer reservas em que um fato de labregos e de intelectuais, vestidos com monteira e cirolas –os homes– e dengue e mantelo –as mulheres–, vivessem subvencionados polo Estado, con­sagrados a falar, escrever, cantar, rir e chorar em galego com acompanhamento de gaita. Cousas semelhantes viam-se e vêm-se noutras latitudes.

Mas hai umha tradiçom, segundo expugemos, que aspira a outra fortuna para o galego. Essa tradiçom, a de Murguia e a Academia Galega, a de Risco e a revis­ta Nós, a de Vilar Ponte e as Irmandades da Fala, a de Otero Pedraio e o Seminá­rio de Estudos Galegos, para nom citar senom figuras e instituiçons cientificas e literárias, propugna o galego como língua de Galiza. Para os que nos educámos nesse ambiente, nom hai outra fórmula satisfactória. Nom vemos a Galiza falando noutra língua que o galego. Claro que este ideal implica problemas de organizaçom, devidos ao estado em que a língua se topa, à presença social do castelhano e à existência dum idioma oficial da Administraçom central. A resolu­çom destes problemas incumbe aos políticos. Aos estudiosos da língua corres­ponde-nos fornecer a informaçom precisa para essa resoluçom. E fazer votos porque os que temos já calcado desde hai tempo o sarego da velhez, presenciemos, endebém, a reinstauraçom difinitiva — à que todos som convocados com respeito e amor– do galego na vida da Galiza.

Ricardo Carvalho Calero (1980)

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