Jenaro Marinhas del Valle (A Corunha, 1908-1999)

“Unha vida recatada más fecunda en beneficio de Galicia e da sua literatura” (Luís Seoane, La Voz de Galicia, 6-I-1974)

“…agradecer-lhe o valor e coerência com que nestes míseros tempos voluntariamente renunciou a alcançar sinecura dos Poderes Públicos, nunca atraiçoando aquela liberdade de escrever a ditado exclusivo do integral nacionalismo que é orgulho de patriotas professar” (Elvira Souto, Agália, nº 32)

“Um exemplo de um autor que é ponte entre o passado e o actual” (Pilar García Negro, intervençom no Parlamento de Galiza, em 11 de Junho de 1998).

“Seria imperdoábel pola nosa parte non darlle a coñecer á sociedade galega, ás novas xeracións en particular, a participación que Jenaro tivo na construcción colectiva do que somos”, (Alberte Ansede, presidente da AS-PG, La Voz de Galicia, 24-XII-1999).

“Marinhas entregou-nos alén dun pensamento libre, un teatro culto, moderno, e que forma parte do mellor do teatro galego. Hoxe, a mellor A Coruña e a mellor Galiza chora a sua irreparábel auséncia”, (Henrique Rabuñal, La Voz de Galicia, 24-XII-1999).

“A História saberá situar Dom Jenaro no lugar de honra que lhe corresponde”, (Maria do Carmo Henríquez Salido, Faro de Vigo, 28-XII-1999).

“…mas custa-nos encontrar, por mais esforços que fazemos, exemplos vivos de intelectuais honestos e conseqüentes como este completo galeguista. Já só nos ficava ele, já somente ele ficava fiel ao ideário das Irmandades da Fala e das Mocidades Galeguistas“, (E. Sánchez Maragoto, Porta-voz nacional de Estudantes Independentistas, A Nosa Terra, 5-I-2000).

“Marinhas del Valle foi um perfeito poliedro, brilhante em cada uma das suas arestas”, (João Guisán Seixas, A Nosa Terra, 5-I-2000).

“No outono da sua longa vida recebeu as homenagens da AGAL, das IF, da ASPG, a adesão da mocidade reintegracionista, e o respeito de todos aqueles que, dentro e fora da Galiza, trabalham pela dignificação da nossa língua. Fica connosco bom e generoso. A pátria lembrará”, (Carlos Durão, A Nosa Terra, 20-I-2000).

JENARO MARINHAS DEL VALLE

“EDUCACIÓN.-Educar, un home igoal que un pobo, será de cote para min poñelo en condicións de vivir na máis compreta independencia” (Jenaro Marinhas del Valle, A Nosa Terra, 25-VII-1935)

“A minha deusa é a dúvida” (Jenaro Marinhas del Valle, Agália nº 5).

“Os galegos nom devemos considerar o idioma português como algo que nom nos pertença em grandíssima parte desde que contribuímos à sua formaçom em igual medida os do Minho para Norte que os do Minho para Sul e isto deve ser motivo de orgulho nacional. Nom se me oculta que aderir ao reintegracionismo contribui a encontrar-se com muitas portas fechadas, mas nom tenciono aldrabar a nengumha e como nunca pretendim alcançar sinecura de Poderes Públicos nem subsídio de condesa ricalhoa, sou livre de escrever a ditado exclusivo do integral nacionalismo galego que professo” (Jenaro Marinhas del Valle; Agália, nº 18, Verao 1989).

“Procurar uma autarquia dialectal salientando e promovendo as diferenças existentes com o castelhano e com o português vai contra a corrente imperante nos dias que vivemos, de franca derrocada de muros e fronteiras, de racismos, dogmas e quanto obstaculice a livre comunicação dos povos. O que há de procurar-se não são as diferenças mas sim as afinidades que são muitas, mas especialmente as que nos ligam com as letras brasileiras e portuguesas” (Jenaro Marinhas del Valle, Temas de O Ensino, nº 27-38, 1995).

Introduçom.

Dramaturgo, poeta, ensaísta e narrador, Jenaro Marinhas del Valle (A Corunha: 25 de Novembro de 1908-23 de Dezembro de 1999) é um dos vultos mais singulares da Literatura Galega do século XX.

Na sua trajectória salientam três instantes: os primeiros anos, antes da guerra de 1936, em que se moveu num meio mergulhado no Galeguismo, e em que atingiu a sua formaçom, além de editar as primeiras produçons; um segundo período, durante o franquismo e primeiros anos da Restauraçom da democracia, em que manteve estreita ligaçom com o Galeguismo interior e na emigraçom; e umha etapa final, de claro compromisso com os grupos defensores do Reintegracionismo, em que teve umha intervençom política mais directa.

Os inícios, até 1936

Desde muito novo contacta Jenaro Marinhas com a intelectualidade galeguista da cidade da Corunha, por meio das tertúlias a que acode o seu pai, relacionado com o grupo conhecido como Cova Céltiga, e nas quais participavam Heládio Rodríguez, Francisco Tettamancy, Carré Aldao, Lugris Freire ou os irmáns César e Florêncio Vaamonde. Também tivo ligaçom com Antom Vilar Ponte, Joám Vicente Viqueira, Vítor Casas ou Ángelo Casal. Nos primeiros estudos coincidiu nas aulas com Luís Seoane, Emílio Pita e Urbano Lugris. Alcançado o Bacharelato, apontou-se no Curso de Filosofia e Letras na Universidade de Santiago, que nom finalizou, e, a seguir, realizou estudos empresariais, para se dedicar a profissons mercantis. Frequentou as Irmandades da Fala desde a sua fundaçom e, no ano 1933, foi co-fundador da “Mocedade Galeguista” da Corunha, em colaboraçom com Galám Calvete. Nela exerceu de Secretário-Geral. Esta organizaçom, mais tarde, colaborou com o Partido Galeguista na campanha do Estatuto de Autonomia de 1936.

Nesse mesmo ano, também na Corunha, fundou e dirigiu, junto com Alfredo Canalejo, La Draga, publicaçom que se definia como “Semanário de crítica política” e que buscava combater a política de Casares Quiroga, líder da antiautonomista Izquierda Republicana; umha publicaçom que teve entre os seus colaboradores Álvaro Cebreiro. Nas tertúlias do Café Galicia coincidiu com outras personalidades, entre elas Otero Pedrayo e Daniel R. Castelao.

Também dos anos da pré-guerra data o seu primeiro texto teatral, que entregou a Vítor Casas, quem o levou a Santiago para que Ángelo Casal o publicasse. Mas este texto nom chegou a ser editado e perdeu-se. Igualmente, correspondem a essa altura os seus primeiros contributos jornalísticos n’A Nosa Terra e as suas primeiras poesias, na revista Vida Gallega.

O franquismo e a transiçom.

Nos anos da após-guerra viajou por diversos países da Europa, entre eles alguns do Leste, como Jugoslávia, Hungria ou Checo-Eslováquia, viagem na qual escreveu de novo poesia.

Participou nas primeiras reunions de galeguistas (esteve presente na celebrada em Vigo em Julho de 1943), que levariam a empreendimentos como a fundaçom da editora Galaxia e a ediçom de Grial. Nesta revista publicou os seus primeiros textos literários desta etapa. Também durante o franquismo colaborou no Correo de Galicia, de Buenos Aires. Entre os acontecimentos de destaque neste período há que citar:

1952.-Edita o texto teatral A Serpe (Colecçom Grial, nº 4, Galaxia-Vigo)

1964.-Monifates (Contém as peças dramáticas O triángulo ateo, A chave na porte, Escaparate de Baratillas e A Redención, (Grial, número 4)

1965.-A Revolta e outras farsas (contém as produçons anteriores, além de A Revolta e A Obriga), Galaxia, Vigo. Pola peça que serve de título ao volume conseguiu o prémio Castelao de teatro galego, convocado aquele ano pola Associaçom Cultural O Galo, de Santiago. A estreia de A Revolta aconteceu em 3 de Dezembro desse mesmo ano, no Hostal dos Reis Católicos de Santiago, polo grupo Cantigas e Agarimos.

Em 1966 Ricardo Carvalho Calero, num trabalho publicado no número 11 de Grial refere-se a A Revolta como “un drama envolvendo unha concepción inexorablemente tráxica da condición humán”. Esse ano, Cantigas e Agarimos estreia, em 23 de Março, igualmente em Compostela, A Obriga.

1967.-A festa do Cheneque e outras historias (narraçons publicadas em Grial).

1968.-Pequena farsa dos amores desencontrados (Grial, nº 21, teatro).

1969.-Em 16 de Maio som estreadas A Serpe e Pequena farsa dos amores desencontrados, no colégio Peleteiro de Santiago, pela companhia de Cantigas e Agarimos.

1972: Loucura e morte de Peregrino (Grial, nº 36, teatro).

1974.-Duas pezas de teatro inerte (Os Ausentes e No palleiro; Grial, nº 44). Em Janeiro desse ano Luís Seoane dedica-lhe um dos seus trabalhos da série “Figuraciós”, no jornal La Voz de Galicia, onde informa do projecto de Marinhas de preparar umha versom moderna da tragicomédia de Gil Vicente “Amadis de Gaula”, e assinala La Draga, revista que fundou, como umha publicaçom que “con humor, tratóu de ourentar a vida política de A Cruña dun xeito limpo e leal às aspiracións da totalidade de Galicia”.

1977: O bosque (Grial, nº 57, teatro).

1978: Ingressou, em 25 de Fevereiro, como membro numerário na Real Academia Galega, à qual pertencia desde três anos antes. O seu discurso intitulou-se A importancia do público na revelación teatral, e foi publicado por Ediciós do Castro no ano 1979, junto com a documentada resposta que tivo de Marino Dónega (ver Bibliografia).

1979: Publica Lembrando a Manuel Antonio, volume editado pola “Xunta de Galicia” com ensejo da comemoraçom oficial do “Dia das Letras Galegas”. Nesse ano, no estudo O teatro galego, de Manuel Lourenzo e Pillado Mayor afirma-se (pág.125) que a produçom teatral de Marinhas, junto com a de Carvalho Calero, caracteriza autores que se imponhem “unha liña de esixencias que atinxe a situar as suas obras na revolta ideolóxica e estética do teatro contemporáneo”.

Abril de 1981: Acurrados (A Corunha, Cadernos da Escola Dramática Galega). A professora Katleen March, no verbete que lhe dedica esse ano na Gran Enciclopedia Gallega, ao analisar a produçom de Marinhas salienta a “preocupación social” do seu teatro e a sua “habilidad cuentística”.

O reintegracionismo.

Em Outubro de 1981 legaliza-se a Associaçom Galega da Língua, que tivo em Jenaro Marinhas umha das suas personalidades mais activas e significadas, e que o escolheu como Membro de Honra. Nesse mesmo ano foi designado pola Real Academia Galega para intervir como representantes da instituiçom num acto de homenagem a Joám Vicente Viqueira, em Bergondo.

Em 1982, na Antoloxia do Teatro Galego, Manuel Lourenzo e F. Pillado Mayor afirmam que nos textos de Jenaro Marinhas (1982: 405) “bule unha preocupación humanística que ás veces se reviste de latexo existencial e às veces de farsa simbólica, máis sempre dentro dun tono poético, quer de raiz esperpéntica, quer dun calculado estatismo verbal”. Os antologadores escolhem para figurar nesta proposta canonizadora o texto O triángulo ateo.

No ano 1985 principia a sua colaboraçom na revista Agália, já desde o número 1, em que apareceu o seu trabalho “Linguagem e Literatura”, texto de umha palestra proferida meses antes no decurso de umha homenagem a Carvalho Calero. O seu título, entom, fora “O mito do enxebrismo”. As onze páginas deste trabalho resultam fulcrais para conhecer o seu ideário a respeito do idioma. Nele assinala como “aos treze anos, sem ter recebido liçom algumha de português, lia Herculano, Camilo, Eça, com pleno aproveitamento”, e defende que “a lusofobia revela umha imaturidade galeguista: o galego plenamente formado nom pode ver em Portugal e no português algo estranho, mas a prolongaçom de si mesmo: a Galiza botada a andar”.

Os seus contributos na revista serám constantes. Em 1986 publica os textos teatrais A notícia (número 5) e O Assento (número 6). Outra peça teatral, Exiliados, aparece no número 1 da revista No, editada pola “Asociación de Escritores en Língua Galega” no ano 1986.

Em 1987 participou no II Congresso Internacional da Língua Galego-Portuguesa na Galiza, organizado pola AGAL: a ele correspondeu proferir a primeira comunicaçom, intitulada “O verso na recuperaçom literária do galego”. Nesse ano, a AGAL edita A vida escura, volume em que figuram 36 narraçons breves, a maior parte inéditas, embora algumhas difundidas anteriormente em Grial. No lançamento do volume, a editora salienta a “beleza das estórias, histórias e contos”, uns textos em que se encontra “essa elegáncia, clássica, do estilo, o equilíbrio permanente entre a linguagem popular e a erudita, entre o galego-privativo e o galego-português, e aquela riqueza de léxico, em que tanto contam os neologismos próprios que o escritor utiliza sempre com grande acerto e sensibilidade”. Nesse mesmo ano, no número 9 da Agália edita O mantido, um novo trabalho teatral; e a revista O Ensino (volume correspondente aos números 18-22) reedita o ensaio “O mito do enxebrismo”.

Em 1988 começou a fazer parte da Comissão para a Integração da Língua da Galiza no Acordo da Ortografia Unificada, presidida por Ernesto Guerra da Cal, e da qual foi eleito vice-presidente. Em virtude desse posto assinou diversos relatórios, que fôrom enviados às mais altas instituiçons políticas e científicas. Além disso, no número 13 da Agália publica-se o seu estudo “Lembrança de Carré, com excertos sobre teatro”; e no número 16 o texto teórico “Da personagem teatral”.

Em 1989 o número 18 da Agália inclui umha ampla entrevista que concedeu a Henrique Rabunhal e José Maria Monterroso, sob o título “Jenaro Marinhas del Valle: Testemunha de umha lealdade”. Neste longo depoimento revisa a sua trajectória biográfica e literária, expondo a sua ideologia e os motivos das transformaçons experimentadas. Também se inclui umha muito interessante iconografia e umha selecçom de “Bibliografia activa” e “Bibliografia Passiva”. Nesse ano contribui para o volume de homenagem a Ernesto Guerra da Cal, da revista Nós (nº 13-18), com a narrativa “O Nó”.

No ano 1990, em 30 de Março, após a morte de Ricardo Carvalho Calero, renuncia ao posto que ocupava na Real Academia Galega. No escrito em que comunica a sua decisom, justifica-a com estes argumentos:

“Por considerar que imprimíades à Corporaçom um rumo a mais de pouco académico disconforme com os interesses da cultura galega vam sobrepassados sete anos nos que, como sabedes, nom respondo às vossas convocatórias mantendo umha distáncia sem chegar à separaçom total mentres honrava a Instituiçom a figura excepcional de Ricardo Carvalho Calero. Quebrado agora, bem dolorosamente para mim, esse fio que à Academia me prendia, deixo vacante um sitial que nunca ocupei gostoso e admito que sem merecimentos. Vou-me amigo dos amigos mas nom podo continuar companheiro polos caminhos que levades. Está certo que nom imos para a mesma romaria. Nom me dita esta determinaçom resentimento ou desafecto persoal para ninguém e muito menos para os que, mais de cinqüenta anos atrás, tive por camaradas na Mocidade Galeguista de saudosa lembrança. Vem-me ditada pola voz imperiosa da minha conciência formada num inquebrantável nacionalismo integral que evidentemente nom compartides. Envio-vos o último abraço académico”.

Nesse ano participa no III Congresso da AGAL, celebrado em Vigo no mês de Setembro, no qual figurava na Presidência de Honra e ocupou um lugar na mesa presidencial na sessom de abertura, sendo umha das personalidades que proferiu umhas palavras, entre as quais se pode salientar o seguinte parágrafo, depois de se referir à desobediência bíblica de Adám e Eva:

Também a Associaçom Galega da Língua nasce de umha desobediência. Abandona as comodidades do Edém em que se albergam os brutos obedientes que satisfazem a sua fame com os pensos compostos servidos no presépio oficial para comer livremente dos frescos pomos naturais que pendem dos ramos da árvore da ciência lingüística.

Ainda nesse congresso apresentou o estudo “A estética da linguagem em Queixumes dos Pinos“. Nele afirmava que

Para que o povo se interesse pola própria língua há de ver nela um veículo de cultura e de intercomunicaçom com outros povos. Se lhe oferecemos um dialecto degradado e de comunicaçom apenas vizinhal, claro é que a rejeita e pom empenho em adquirir outra que lhe proporcione mais alargadas perspectivas. Sem chegar à profecia de Curros (na qual nem ele mesmo acreditava) há que fazer ver ao povo que a sua língua nom carece de valor universal e isto é o que proclamava repetidamente Pondal com visom futurista afirmando a comunidade linguística com Portugal. Há que fazer ver ao povo que a aproximaçom ao português nom representa serventia nem menoscabo algum e si, polo contrário, reforçamento da própria personalidade, há que fazer-lhe ver o futuro da grande família luso-brasileira, da nossa própria raíz, há que oferecer-lhe um galego internacional entendido em vários Estados independentes de Europa, América e África.

Em 1990, na Agália, publica três produçons: “O real em cena. Notas a esmo”, um estudo aparecido no número 21; “Lugris, oratória e teatro”, outro estudo, no número 23, dedicado pola revista em homenagem a esse vulto da Literatura Galega; e “Os alárvios”, umha interessante carta publicada no mesmo número 23, na qual se refere a esta forma lexical, que ele empregou nas páginas de A vida escura. Esse ano, na colecçom teatral “A Biblioteca do Arlequín”, da editora Sotelo Blanco, apareceu o seu texto Ramo Cativo, com umha “Notícia Preliminar” dele, de interesse para conhecer o seu ideário sobre o teatro e sobre a génese desta produçom; e num volume colectivo de monólogos, incluído no número 85 dos Cadernos da Escola Dramática Galega publica-se o seu trabalho Home Frouxo.

Em 1991 recolhe-se mais um novo estudo seu na Agália, intitulado “A língua do escritor” (no nº 25); e no número 26 da revista três relatos: “Umha velha feliz”, “A última travessia” e “O ‘Di-lhe’”. Outra produçom desse ano é “Tradiçom nacionalista na cidade da Corunha”, difundida in A Coruña na cultura galega, de J. M. Monterroso (ed), volume publicado na Corunha pola Agrupaçom Cultural O Facho.

Em 1992, a Agália dedica-lhe um volume de homenagem, o número 32, com trabalhos sobre diferentes aspectos da sua produçom, de Elvira Souto, Henrique da Costa Lôpez, Joel R. Gômez, Aurora Marco e Henrique Manuel Rabunhal Corgo, apresentados em Junho desse ano numha homenagem organizada pola AGAL na sua honra. Num número anterior da Agália, o 29, dedicado em honra de Carvalho Calero, Marinhas ofereceu o contributo “Dedicados e intonsos”. Participa na revista Gaveta, da Universidade da Corunha, com o trabalho “Umha tarde em Paris”. Ainda nesse ano, com ensejo da celebraçom do Dia Mundial do Teatro, em 27 de Março, recebeu o “Prémio Compostela”, como reconhecimento à sua trajectória.

Em 1994 participou como membro da candidatura do BNG para o Senado. Em Maio de 1995, as associaçons culturais O Facho e Alexandre Bóveda, da Corunha, comemorárom o 80 aniversário da fundaçom, na cidade, das Irmandades da Fala. Entre as actividades programadas figurou umha homenagem a Jenaro Marinhas, em 9 de Maio, à qual ele nom assistiu por convalescer de umha intervençom cirúrgica. O acto consistiu numha conferência de Henrique Rabunhal, intitulada “Jenaro Marinhas del Valle, o buscador da liberdade”.

Também em 1995 prologou O Ensino da Língua: Por um cámbio de rumo, de Pilar Garcia Negro e Xoán Costa Casas, editado pola AS-PG, um volume de enorme relevo dentro do processo de canonizaçom de Castelao, e nom só. No seu texto, Marinhas lembra o seu relacionamento com Castelao e rememora como eram as Mocidades Galeguistas no período 1930-36, na Corunha, e a “controvérsia constante” que as caracterizou, solicitando apoio aos mais novos para o nacionalismo. No semanário A Nosa Terra publica um trabalho sobre Ángelo Casal. Nesse ano, as Atas do Congresso Internacional de Língua, Cultura e Literaturas Lusófonas. (Homenagem ao Professor Ernesto Guerra da Cal), publicadas nos número 27-38 da revista Temas de O Ensino, das Irmandades da Fala de Galiza e Portugal, incluem o seu contributo “Momentos duma literatura intermitente: Galiza”, um texto de relevo para conhecer o seu posicionamento a respeito da sua geraçom literária e a respeito do Reintegracionismo. Nele defende que “A literatura depende largamente dos condicionamentos morais e políticos da sociedade em que se desenvolve, mas também ela por sua parte há de exercer a sua pressão na sociedade” e defende, como conclusom do seu depoimento:

é necessária, urgente e imprescindível uma crítica severa e construtiva, que seleccione os materiais empregados, a matéria prima, a linguagem que dia a dia vão deteriorando escritores que, incapazes de competir em campo aberto, vem com agrado a redução do âmbito cultural galego a curral valado, onde, sem grande esforço, possam luzir crista de galo polainudo entre mansas galinhas, pouco poderosas.

Igualmente, em 1995, no mês de Dezembro, no número 12 da Revista Galega de Teatro-Información Teatral, edita-se A Gaiola, um seu “Entremês dividido em cinco quadros”, como ele próprio o define. Nesta publicaçom especializada é apresentado como “o iniciador do teatro social na dramática galega de posguerra” e afirma-se que, com a publicaçom do texto procura-se “render unha merecida homenaxe a un autor incomprensiblemente esquecido e marxinado”. Também inclui umha carta de Marinhas a Francisco Pillado em que, falando desta produçom, afirma Marinhas:

Nengum home cabal ha de conformar-se com a proibiçom de tomar os frutos da árvore da ciencia e ha de insurgir contra umha órdem que trata de mante-lo equiparado aos brutos por mais que a insurgência implique o abandono de todas as delícias e gozes que a cambio do sometimento e a inorancia lhe som concedidas. Sem a liberdade de indagar e saber o Edem será umha cárcere insuportável como ja se veu nos tempos primigenios e continuamos a ver nos modernos.

Ainda nesse 1995, no primeiro volume do Diccionario da Literatura Galega, coordenado por Dolores Vilavedra indica-se que, embora Marinhas seja conhecido sobretodo como dramaturgo, cultivou (1995:363) “tamén con soltura o conto”.

Em 1997, no número 49 da Agália, publica “Apenas um sonho” e “A sós consigo”, duas novas peças de “teatro inerte”, continuidade das dadas a lume em 1974 em Grial. Numha apresentaçom destas novas produçons, no que é um dos seus mais singulares contributos para a Literatura Galega, afirma que fam parte de um conjunto que décadas antes decidira dar ao esquecimento, e no qual indica que “acho mais ao meu alcance a forma dialogada, deste jeito a situaçom ou anedota passa direitamente do agonistas ao receptor (leitor ou espectador) sem escritor intermediário, que fica excluido”. Aurora Marco ocupou-se destes contributos num trabalho no jornal La Voz de Galicia, em 20 de Janeiro do ano seguinte.

Nesse ano 97, no volume 50 dos textos literários publicados dentro do projecto de História da Literatura Galega editada pola AS-PG e A Nosa Terra figuram textos de Ricardo Carvalho Calero e Jenaro Marinhas. De Dom Jenaro aparecem, em concreto, Ramo Cativo, A Revolta e três peças de Monifates. Nesta História da Literatura Galega é considerado (1997:1.419) como um dos “nomes consagrados xa na literatura galega” e informa-se que a sua produçom A Serpe foi o segundo texto dramático galego da após-guerra, para além de alicerçar-se na sua autoridade para referenciar diferentes aspectos da história do teatro galego. No ano 1997, mais umha vez, tem lugar o seu reencontro com a mocidade, através de umha “Breve alocuçom”, publicada no Boletín dos Comités Abertos de Faculdade da Universidade da Corunha, no seu número 1.

No ano 1998, a “Asociación Sócio-Pedagóxica Galega” e a “Agrupación Cultural Alexandre Bóveda” organizárom na Corunha mais umha homenagem a Jenaro Marinhas, com actividades celebradas em Novembro e Dezembro na Universidade da Corunha, no Teatro Rosalia de Castro e no Paço de Marinhám, com intervençons do presidente da Deputaçom Provincial, Augusto César Lendoiro; o professor Paulo Gonçález Marinhas; o dramaturgo Manuel Lourenzo, e os presidentes das entidades organizadoras Alberto Ansede e Francisco Penha. Entre as actividades celebradas foi representado Ramo Cativo, polo grupo universitário do Campus de Lugo, e tivo lugar um encontro de Jenaro Marinhas com o alunado universitário. Com tal ensejo difundiu-se umha unidade didáctica, na qual se recolhe a intervençom no acto da Professora e Deputada Pilar Garcia Negro, quem se referiu a Jenaro Marinhas para justificar a homenagem com estas palavras (1998:6-7):

Nós queremos resgatar para o debido coñecimento histórico e cultural a figura dun galego, dun coruñés ilustre, que, facendo bandeira permanente da sua sinxeleza e da sua modéstia, traballou toda a vida por significar esta nación, por lle dar representación artística, por defender, insubornabelmente, os seus direitos e a sua dignidade. Dixemos modéstia e asequibilidade: non siléncio, nen submisión nen resignación. Lembramos a sua proverbial disponibilidade e xenerosidade para cantos compromisos e demandas lle temos solicitado. Reclamamos para el o mérito de ser un dos máis modernos, renovadores e intelixentes autores do teatro galego contemporáneo, cunha obra escrita, por certo, en tempos ben duros e crueis para coa existéncia do próprio país. Recoñecemos nel, enfin, o testemuño vivo dunha época axial na história galega, a da Xeración Nós, a de Castelao e Suárez Picallo –seus mestres–, a daqueles que hoxe nos explican e nos dan alento. (…) Jenaro: moitas grácias pola tua compaña de tantos anos; pola tua lección de toleráncia, de comprensión e de amor ao país; pola tua independéncia e a tua valentia; pola tua lealdade à Galiza e o teu ánimo permanente aos que te seguimos en idade, sen que nos fixeses notar nunca o limitado do noso traballo. Moitas grácias por nos acompañar e nos alentar neste camiño que ti, e outros coma ti, comezastes. Procuraremos non desandarmos nunca, non defraudarmos tanta esperanza como a que este país merece.

A unidade didáctica recolhe igualmente a breve intervençom de Jenaro Marinhas, na qual se reafirmou no seu nacionalismo e lusofilia. E reproduz-se o seu discurso de ingresso na Real Academia Galega, transcrito na proposta ortográfica da AGAL (indica-se ao respeito: “Os motivos que, no parecer dos editores, legitimam esta decisiom som, por um lado, o desejo do próprio autor de o seu discurso ser publicado numha ortografia reintegrada, circunstáncia que se nom deu devido a outros factores bem conhecidos que, em todo o caso, nem sequer vale a pena serem referidos; por outro, dado que nom nos foi possível acedermos à versom original, optámos por mudar de fato lingüístico acolhendo-nos à proposta de mais sucesso entre os sectores reintegracionistas”) e mais a carta de renúncia a esta instituiçom. Também figura nas mais de 50 páginas desta publicaçom umha muito interessante iconografia.

Mais umha vez evoca Joám V. Viqueira no “Parlamento inicial” que dedica ao trabalho de A. Gil Hernández sobre este vulto do Galeguismo nos números 43-46 da revista Cadernos do Povo; e também escreve “Monólogo a pano baixo” para o volume Teatro à medida e pronto para si, editado pola AGAL (anos antes também apresentou a narraçom Quando o sol arde na noite, igualmente editada pola AGAL. Nos dous casos teoriza sobre a dramaturgia e mais a prosa galega). No volume Do novo teatro á nova dramaturxia, coordenado por Manuel Vieites e publicado nesse ano, este estudioso inclui Marinhas entre os autores que inaugurárom umha “nova andaina” do teatro galego e afirma que, nas suas propostas (1998:37) “explóranse novas técnicas e recursos, tomados das últimas correntes e tendencias europeas”, acrescentando que esse teatro “é, aínda coas limitacións que queiramos documentar, unha mostra dese desexo por recuperar e consolidar a tradición do xénero na literatura galega, demostrando as súas posibilidades e abrindo novos camiños”.

Com ocasiom dos seus 90 anos, o poeta e investigador português Amadeu Torres dedicou-lhe umha composiçom, que finaliza com estes versos:

Dramaturgo e escritor como os que são
Pugnou em prol da Língua pela opção
Com que ainda sonha e o alenta, dia a dia.
Lançou sementes na Galiza irmã.
Elas foram brotando. E o amanhã
Pode ser o da real Lusofonia.

Em 1999, em 23 de Dezembro, morre na Corunha, num instante em que vigorava na Galiza mais umha vez a polémica sobre a normativa do idioma, com forte presença e repercussom nos meios de comunicaçom. Nos debates ele foi aludido como modelo e exemplo de coerência. No seu enterramento estavam políticos, intelectuais e umha muito ampla representaçom do Reintegracionismo, com pessoas de muito diferentes sectores e sensibilidades, como Iolanda Aldrei, Isaac Alonso Estravis, Alberte Ansede, Ángelo Brea, Marica Campo, Teresa Campo, Maurício Castro, Manuel Maria Fernández Teixeiro, José Luís Fontenla, Maria Pilar Garcia Negro, António Gil Hernández, Fernando González Laxe, Pablo González Marinhas, J. Guisan Seixas, Maria do Carmo Henríquez Salido, Mário Herrero, Ramom Lôpez Suevos, Manuel Lourenzo, José A. Lozano, Xosé M. Martínez Oca, Carlos Paulo Martínez Pereiro, Miguel Mato, José Luís Meilán Gil, Domingos Merino, José Maria Monterroso, Bernardo Penabade, Francisco Pillado, Henrique Rabunhal, Francisco Salinas Portugal, Elvira Souto, Álvaro Vidal, Luísa Villalta…

No número 60 da Agália publica-se, póstuma, a sua narraçom “A Tia Solinha”. Na epígrafe “Documentaçom e Informaçom” desse número aparece um relatório sobre reacçons após a sua morte. No número 6 da revista Enclave publica-se a sua peça teatral breve Pai desconhecido.

No jornal A Nosa Terra, de cinco de Janeiro de 2000, E. Sánchez Maragoto, como “Porta-voz nacional de Estudantes Independentistas”, indica que membros desta organizaçom tinham combinado com ele para gravar umha entrevista, e mesmo celebrárom umha “sessom preparatória” da mesma na sua casa o dia antes de ser deslocado para o hospital; entrevista que já nom se pudo realizar por causa do seu falecimento.

Em Maio de 2000, no número 2 da revista Casahamlet, dedicada a recensear o teatro galego na Corunha nos dous últimos séculos, figura o seu texto dramático Nascerá umha estrela, e o estudo “Marinhas del Valle e o teatro na Coruña” de Henrique Rabunhal. Rabunhal também publicou esse ano um volume na editora Laivento, intitulado Jenaro Marinhas del Valle. A vida escura, no qual figura a entrevista antes assinalada, incluída no número 18 da Agália, para além de outros contributos, entre os quais merece salientar-se a bibliografia activa e passiva que inclui, mas valorizando que o volume foi redigido antes da morte de Marinhas. Também em 2000, a poeta, investigadora e docente Iolanda Aldrei organizou e estudou o seu espólio, realizando um comprido trabalho, iniciado em vida de Marinhas e inédito nesta altura.

Entre os dias 13 e 15 de Setembro de 2000, as Irmandades da Fala de Galiza e Portugal, a Associação de Amizade Galiza-Portugal e a Associação Galega de Escritores organizárom em Compostela o “IV Congresso Internacional de Língua, Cultura e Literaturas Lusófonas”, que dedicárom em homenagem a Marinhas del Valle (junto com o brasileiro António Houaiss e o português Azevedo Ferreira).

Em Fevereiro de 2001, na revista Guia dos Libros Novos, Manuel F. Vieites, crítico teatral e professor da Universidade de Vigo, ao recensear o volume de Henrique Rabunhal publicado por Laiovento antes assinalado, refere-se a Marinhas como “Un home honesto, xeneroso e, sobre todo, humilde, que ainda hoxe agarda a homenaxe pública que todo o teatro galego lle debe”.

Conclusom.

Jenaro Marinhas é um dos primeiros nomes da literatura dramática galega polo volume da sua produçom e dos seus textos teóricos. A sua trajectória demonstra umha coerência, ligada ao nacionalismo galego, sendo um dos vultos fulcrais do Reintegracionismo.

Marinhas ocupou lugares de centralidade no campo literário galego durante o franquismo e durante os primeiros anos da restauraçom democrática no Estado Espanhol, ao aderir aos grupos que governavam na altura o Polissistema Literário Galego, sendo o momento principal o seu ingresso na Real Academia Galega. Esta instituiçom também lhe outorgou representatividade nos actos oficiais de homenagem a Manuel António e Joám Vicente Viqueira. No entanto, desde meados da década de 80, e muito em especial desde 1990, ao renunciar ao posto da Academia após a morte de Ricardo Carvalho Calero, foi deslocado para um lugar periférico por parte dos grupos que continuam a ocupar na actualidade o centro do Polissistema, por mais que passasse a situar-se num lugar central para o movimento Reintegracionista, muito em especial para a Associaçom Galega da Língua, que o designou Membro de Honra e o homenageou publicamente, o mesmo que outras organizaçons reintegracionistas e nacionalistas, tais como os grupos próximos às Irmandades da Fala de Galiza e Portugal, a AS-PG, as associaçons culturais O Facho e Alexandre Bóveda e, no campo político, o BNG.

Nom se trata de um produtor esquecido, pois tanto em vida como depois da sua morte vários estudiosos e investigadores ocupárom-se do seu labor. No entanto, na Galiza actual persistem numerosas resistências para a sua canonizaçom, entre as quais as duas mais importantes som o seu claro posicionamento Reintegracionista e a sua defesa do nacionalismo galego, duas questons que luitam por se situar em posiçons de maior centralidade, mas que evoluem lentamente nas luitas que estám a travar para a conseguir. Com o seu avanço é de esperar que se faga justiça a este literato de quem, nom sem razom, se tem salientado a coerência da sua actuaçom sócio-política e o seu compromisso com a defesa da Língua, da Literatura e com a Identidade da Galiza.

SELECÇOM DE BIBLIOGRAFIA ACTIVA DE JENARO MARINHAS DEL VALLE.

MARINHAS DEL VALLE, Jenaro, (1965), A revolta e outras farsas, Vigo, Galaxia.

—————-, (1979), Importancia do público na revelación teatral, Sada, Ed. do Castro (texto reeditado, em norma AGAL, pola AS-PG e mais pola “Agrupación Cultural Alexandre Bóveda” no volume da unidade didáctica Homenaxe a D. Jenaro Marinhas del Valle, com ensejo da homenagem que organizárom ambas entidades em Novembro-Dezembro de 1998).

—————-, (1979), Lembrando a Manoel Antonio. Oda-epístola ao meu duplo, A Corunha, Xunta de Galicia.

—————-, (1987), A vida escura, A Corunha, AGAL.

—————-, (1990), Ramo Cativo, Barcelona, Sotelo Blanco.

—————-, (1997), Teatro, in volume nº 50 de A Nosa Literatura, editado por A Nosa Terra e mais a AS-PG, ao cuidado de Pilar García Negro, junto com A gente da Barreira, de R.Carvalho Calero. Contém os textos de A Revolta, O triángulo ateo, A chave na porta, Escaparate de baratillas, e Ramo Cativo.

—————–, (1997), Teatro inerte, revista Agália, nº 49.

SELECÇOM DE BIBLIOGRAFIA SOBRE JENARO MARINHAS DEL VALLE.

AA. VV., (1992), “Jenaro Marinhas del Valle”, Agália, nº 32.

AA. VV., (1998), “Homenaxe a D. Jenaro Marinhas del Valle”, A Corunha, AS-PG e Agrupación Cultural Alexandre Bóveda.

AA. VV., (1999), “Foi-se-nos Dom Jenaro Marinhas”, Agália, nº 60.

DURÃO, Carlos, (20-I-2000), “In Memoriam do Jenaro Marinhas”, A Nosa Terra.

LOURENZO, Manuel e PILLADO MAYOR, F., (1982), Antoloxia do Teatro Galego, Sada, Ed. do Castro, pp.405-414.

MARCH, K, (1981), “Mariñas del Valle, Jenaro”, in Gran Enciclopedia Galega, Gijón, Silverio Cañada Ed., Vol. XX.

MARCO, Aurora, (20-I-1998), “Teatro inerte”, (La Voz de Galicia).

MONTERROSO DEVESA, José Maria e RABUNHAL CORGO, Henrique, (1989), “Jenaro Marinhas del Valle, Testemunha de umha lealdade”, Agália, nº 18.

RABUÑAL CORGO, Henrique, (2000), Jenaro Marinhas del Valle. A vida escura, Santiago de Compostela, Laiovento.

*Texto redigido por Joel R. Gômez.

Comentários estão fechados.