PGL – A Associaçom Galega da Língua (AGAL) celebrou passado sábado o ato institucional que comemora os 30 anos de vida da associaçom, que contou com presença de um centenar de pessoas, incluindo quase vinte representantes de diferentes entidades.
No ato, que tivo lugar no Museu do Povo, estivérom representadas as organizações sindicais CIG-Ensino ou CNT-Compostela, os partidos políticos NÓS-UP, o Partido dos Trabalhadores (Brasil), o Partido da Terra, bem como representaçom do grupo parlamentar do BNG; e associações de todo tipo como AC Andaime, AC Chuza, Cultura do País, Agarimar, A Mesa pola Normalización, Assembleia de Mulheres do Condado, Pró-AGLP ou Docentes de Português na Galiza. Finalmente, também houvo representaçom dos centros sociais A Gentalha do Pichel e do CS Gomes Gaioso, bem como da Academia Galega da Língua Portuguesa, o Instituto Cultural Brasil-Galiza, a Fundaçom Meendinho, a escola popular em galego A Semente e o projeto jornalístico Sermos Galiza.
A apresentadora do evento, a atriz, jornalista e realizadora Comba Campoi, assinalou no começo do ato que «30 anos é relativamente pouco na vida de uma pessoa, mas é um longo percurso na vida de uma associaçom». Ainda, explicou que durante a cerimónia «veremos como e porquê nasceu a AGAL, revisitaremos as suas atividades e os seus projetos, ouviremos algumas das pessoas que fizérom e fazem possível a sua existência e saberemos por onde está a transitar e quer transitar no futuro».
Com efeito, umha cerimónia emocionante em que se realizou um percurso ágil por volta do passado, o presente e o futuro da entidade decana do reintegracionismo, repasso que encetou a escritora Raquel Miragaia falando acerca dos precursores do reintegracionismo e das origens da AGAL.
Trás Miragaia chegou a intervençom de Xavier Alcalá, primeiro presidente da AGAL. Num discurso muito pessoal e apaixonado, que colheitou várias ovações, falou da etapa inicial da associaçom. Alcalá também fizo umha reflexom crítica sobre o galeguismo institucional, chegando a concluir que se Ramón Piñeiro estivesse hoje vivo e visse o que se passou, bem como a importância do Brasil na economia mundial, «com certeza concluiria que na década de ’80 se cometeu um erro», em referência às manobras de parte do galeguismo que chumbaram umha proposta reintegracionista para a elaboraçom da norma culta do galego.
Também da codificaçom e da norma falou a seguir Carlos Garrido, presidente da Comissom Lingüística da AGAL. Garrido detalhou as diferentes composições deste órgão técnico desde a sua constituiçom, glosou alguns dos vultos que o integrárom, e fizo um repasso pormenorizado dos principais trabalhos realizados, bem como alguns apontamentos sobre os projetos de futuro.
Rosário ‘Charo’ Fernandes Velho explicou ao público cousas acerca da AGAL dos anos 80 e começos de 90 do século passado. Cumpre lembrar que entre o público havia muitas pessoas nascidas quando a AGAL já tinha alguns anos de vida. Na sua exposiçom, Charo lembrou as dificuldades que havia nos inícios e da soidade que por vezes sentia o reintegracionista, se bem «todas as preocupações desapareciam quando nos juntávamos», naquelas reuniões iniciais. Também falou um bocadinho da sua experiência pessoal como reintegracionista e como docente, quer no seu Ordes natal, quer em Ferrol. Precisamente na cidade natal de Carvalho Calero tivo a oportunidade de ser docente no centro que leva o nome do insigne galeguista. «Quem me ia dizer», confessou, «que teria problemas por recomendar Skórpio num centro chamado Carvalho Calero».
De esquerda para direita, Rosário F. Velho, Comba Campoi e Raquel Miragaia
Vista parcial do público que participou no ato
Após Charo Fernandes Velho interveu Carlos Quiroga, diretor da revista Agália durante umha década. Logicamente, dedicou a sua intervençom a falar acerca dos anos iniciais da revista e da transformaçom que foi tendo por questões logísticas, como da mudança de papel que tivo após o nascimento do PGL, que coincidiu aproximadamente com o início da sua direçom. Complementou as suas explicações Roberto Samartim, atual diretor, quem falou da mais recente transformaçom da revista, com salto ao formato digital e adequaçom à normativa internacional para se converter numha revista de referência no âmbito científico nos campos das ciências sociais e das humanidades.
O terceiro presidente da AGAL, Bernardo Penabade, falou acerca dos quase seis anos que estivo à frente da associaçom (2001-2007), que coincidírom com um importante relevo generacional, quer no próprio Conselho da entidade como na Comissom Lingüística, e com a entrada de grupos de sócios jovens que, entre outras questões, levárom a AGAL para a internet, onde tem logrado alguns dos seus principais sucessos.
O coordenador da área informática da AGAL, Vítor M. Lourenço, detalhou os diferentes projetos passados e presentes da associaçom na internet, sem se aventurar a tratar do futuro porque as cousas na internet vam a umha velocidade incrível. Dedicou especial atençom aos últimos frutos dos trabalhos da associaçom na rede, como som a loja Imperdível, a FAQ do reintegracionismo, a versom eletrónica da revista Agália ou o novo site corporativo da AGAL.
A seguir interveu o diretor da ATRAVÉS|EDITORA, Miguel R. Penas. Na sua exposiçom fizo um percurso polo trabalho da AGAL como editora e da transformaçom produzida desde que em 2010 se criou o selo ATRAVÉS|EDITORA. Também dedicou parte do seu tempo a glosar os últimos trabalhos publicados, que o público que participou no ato pudo ver em primícia, como som Guerra de Grafias, Conflito de Elites (Mário Herrero), Adelaida (Artur Alonso Novelhe), a 2.ª ediçom de Bandeiras da Galiza (José Manuel Barbosa) e o regresso da AGAL para a ediçom do teatro com Abraço de Ferro (Carlos Santiago). Todos os títulos estarám proximamente à venda na Imperdível.
As intervenções deixárom passo à música e ao vídeo. Primeiro foi a jovem cantora angolana Aline Frazão, ganhadora —junto César Herranz— do concurso Musicando Carvalho Calero em 2010. Precisamente, Aline namorou o público cantando e tocando com a sua guitarra o tema ganhador do concurso, ‘Maria Silêncio’. Trás a atuaçom, ovacionada, projetou-se um vídeo-resumo da atividade aPorto, segunda ediçom dos cursos de português no Porto promovidos pola AGAL e a AC Andaime.
Já nos últimos minutos do ato tomou a palavra Eugénio Outeiro, membro do Conselho da AGAL, quem explicou os principais projetos da associaçom desde que o atual Conselho tomou posse —junho de 2009—, entre os quais lembrou a loja Imperdível, os cursos aPorto ou os OPS (O Português Simples), entre outros.
Encerrou o ato o presidente da AGAL, Valentim R. Fagim, muito ovacionado nas diferentes fases do seu breve mas intenso discurso. «A AGAL e o reintegracionismo merecem uma história. O nosso sócio Tiago Antelo, historiador, está a trabalhar nela com profundidade», explicou. «Ora, o que um observador superficial pode entrever é um alargamento do movimento social que vive a nossa língua como sendo mundial, superando o esquema pouco interessante das quatro províncias», enfatizou.
Fagim valorizou positivamente que «cada vez é mais difícil reduzir-nos a estereótipos», porque, assegurou, «o reintegracionismo é plural», e a isto «têm contribuído muitas entidades sociais e muitas pessoas individuais, parte das quais estám aqui presentes hoje. A sua açom tem tornando o nosso movimento mais rico, mais profundo e mais imprevisível». Também comentou, com humor, que nalguns ambientes, em especial compostelanos, ter um amigo ou amiga reintegracionista «está na moda», todo o mundo «quer ter um colega reintegrata», insistiu.
Também se referiu à aposta do Conselho da AGAL pola profissionalizaçom da associaçom, para o qual «som necessários recursos», numha estratégia que deve ser combinada com tarefas voluntárias. Nesse senso valorizou muito positivamente a implicaçom dos sócios e sócias em diferentes áreas: «A AGAL deve ser uma das associações mais ricas em envolvimento dos seus associados e associadas, alguns deles, alguns delas, para além dos conselhos médicos que exigem moderaçom».
O presidente da AGAL encerrou o ato assinalando, como Xavier Alcalá, a importância do Brasil. «Ligar o Brasil ao galego, ao português da Galiza, será o grande desafio a curto prazo do reintegracionismo e das entidades que promovem a nossa língua». Ainda, lembrou que o reintegracionismo tem demonstrado que, «se em lugar de lamentos, debates intermináveis e exaltações do ego, apostamos por fazer, a nossa vida é mais rica e a saúde social da nossa língua é melhor».
O ato finalizou com todo o público a umha só voz, ao berro de «a nossa língua é mundial».
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Entrevista em CorreoTV ao presidente da AGAL dias antes do ato
Homenagem a dous vultos do reintegracionismo
Já fora das instalações do Museu do Povo, num conhecido restaurante compostelano tivo lugar o jantar-homenagem a dous protagonistas da história do reintegracionismo, membros da Comissom Lingüística da AGAL e académicos da AGLP: José-Martinho Montero Santalha e Isaac Alonso Estraviz. Após o convívio, na hora do café fôrom presenteados com duas caricaturas, elaboradas polo também sócio da AGAL Suso Sanmartin, e a seguir realizárom uns breves discursos aos companheiros e companheiras que os arroupavam, os quais correspondêrom com estrondosas ovações.
À esquerda, José-Martinho Montero Santalha, à direita, Isaac Alonso Estraviz