José Luís Gonçalves: pintor, músico e anarquista

 

PGL – Nesta semana apresentamos novo sócio, José Luís Gonçalves, um jovem pintor que mora na França. O José Luís recomenda o estudo do Português, já que foi numha EOI onde começou «a ser consciente das possibilidades que tem a nossa língua com a escrita internacional». No seu regresso a Compostela, tem pensado fazer filologia portuguesa.

 

José Luís, estás a morar em Lyon (França). No que é que trabalhas exatamente nesta cidade francesa?

Estou a estudar francês numa escola de Lyon. Vim aqui porque a minha namorada tem uma bolsa Erasmus e eu não queria deixar passar a oportunidade de poder morar num lugar relativamente cêntrico na Europa como é Lyon, e ademais aprender outro idioma (ainda que a verdadeira língua de Lyon é o arpitano, mas isso já e outra história). Quando remate aqui começarei a estudar língua portuguesa na universidade de Compostela.

Já nos disseste que moras em Lyon, qual é a impressão que os franceses têm da Galiza em geral?

Não posso responder bem a esta pergunta porque o meu contacto com franceses é anedótico. Na minha escola e na residência só tenho relação com gente estrangeira.

José Luís é pintor e já tem feito algumas exposições. Como pode ajudar a tua arte à difusão da nossa língua?

Como pintor faço-me chamar Alfredo Pirucha. Na minha cabeça tenho uma ideia de como pode ajudar a minha arte nesse aspecto. É muito abstracta e difícil de explicar, mas eu vejo que avança com sucesso. Há tempo que começo a senti-la como uma responsabilidade que não posso abandonar.

Na nossa terra há muitos bons artistas plásticos, músicos, actores… e entre eles muitos que utilizam o castelhano ou o inglês para se expressar. Se o fizessem em galego seria um importante número de gente a trabalhar e um grande exemplo para os de dentro. Galiza necessita produção importante de todo tipo de artes na sua própria língua e fazer o esforço de chegar à gente de todos os lugares do planeta

O que te levou a aderir à estratégia galego-luso-brasileira?

Começar a estudar português na EOI de Compostela. Aí comecei a ser consciente das possibilidades que tem a nossa língua com a escrita internacional.

Recomendas, portanto, estudar português numa EOI. Qual crês que deveria ser a estratégia do governo galego em relação à implantação da língua portuguesa no ensino público?

Recomendo-o e também nos centros sociais, ou mesmo de modo autodidacta com métodos de línguas ou o que for. Na prova de aceso à universidade para maiores de 25 anos escolhi português como língua estrangeira e isso ajudou-me a ampliar a nota média, se tivesse escolhido inglês não passaria do 3, no exame de português tive um 9. Recomendo a quem se apresentar e não tenha alto nível de nenhuma língua, a escolha do português.

Não espero nada do governo, porque se não fizeram nada os anteriores, os de agora menos farão. Isto tem que vir de nós. Por exemplo, e com relação às EOI, é necessário conseguir que aumente o número de pessoas matriculadas em língua portuguesa. Haverá que fazer uma boa campanha publicitária.

Depois de estudar português, qual foi o ponto definitivo que fez com que te decidisses a afiliar a AGAL? Que visão tinhas dela antes de te afiliar? Que esperas da associação?

Antes de me afiliar visitava o espaço web para informar-me e ler artigos e demais. Espero que com o tempo a associação medre e chegue a ter muita importância.

Não é só pintor, também tem um projecto musical com a banda Ilegível. Conta-nos mais sobre ela.

É um projecto que espero que dure muito tempo. As nossas músicas são muito curtas e as letras vão desde piadas até coisas sérias. Ainda não tocamos em directo, só estamos a gravar, mas nuns meses esperamos começar a fazê-lo. Temos um espaço na internet: myspace.com/ilegivel

Estás afiliado à CNT em Compostela. Qual é a relação com a língua em geral e com o reintegracionismo em particular deste organismo?

A língua veicular do sindicato é o galego. Dentro da CNT Compostela e dos outros sindicatos da CNT Galaica há gente reintegracionista. Existe uma publicação conjunta de Solidariedade Obreira da Galiza e Boletim Anarco-Sindicalista de Portugal.

Conhecendo José Luís:

 

  • Um invento: A escritura
  • Um prato na mesa: Arroz com kim
  • Um desporto: Bilharda
  • Uma maravilha: A chuva

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