Luzia Budinho : “Realmente o galego-português medieval nom se subdividiu em duas línguas diferentes, senom que por questons geopolíticas surgirom as distintas variedades tópicas atuais”

Como imaginas a Galiza de 2030? esta é uma das perguntas que muitas vezes fazemos às pessoas que entrevistamos.

Para começar uma nova seção, Gz2030, que complementa AGAL Hoje e AGAL de ontem para manhã, entrevistamos Luzia Budinho, moça da Arçua, de 17 anos, e recebemos umas quantas lições a jeito de resposta.

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Nome: Luzia Budinho

Idade: 17

Procedência: Arçua

Existe umha imagem, tópica como muitas imagens, de que as pessoas da vossa idade nom se interessam por questons de índole social. És umha exceçom?

Por desgraça, penso que sim que o somos. Ainda assim, nom creio que nom sê-lo seja algo natural e compreensível de acordo com a nossa idade. É certo que estamos numha etapa “complicada” e também que a nossa imaturidade pode ser bastante traiçoeira, mas nom vivemos alhei@s a esta realidade de forma mecânica ou inata. Penso que o problema nos vem de fora, já que o desconhecimento e a falta de implicaçom nestas questons é generalizado. Ademais, mui poucas vezes se dá importância às nossas opinions —polo feito de sermos novos— e ainda menos se nos incita a investigar e descobrir. Só deixaremos de ser umha exceçom quando se motive em todos os âmbitos a reflexom, a curiosidade e a vontade de aprender e expressar-se.

Outra imagem tópica revela que quando umha pessoa galegofalante conversa com umha castelhanofalante, dumha cidade por exemplo, acaba por renunciar a usar a sua língua. É mesmo assim?

Sim, observo-o de quando em quando em pessoas achegadas a mim, e eu mesma o fazia até há pouco —justamente quando me iniciei no reintegracionismo—. Normalmente di-se que é por nom ser descortês com o interlocutor —do que se pensa que nom pode compreender-nos à perfeiçom—, mas creio que no fundo há umha vergonha interiorizada e um desprezo cara a nossa própria língua. Segue a considerar-se inferior ao castelhano, muito mais vulgar e agreste, inadequada para diversos contextos. Por nom dizer que, algumhas vezes, até nos atopamos com as miradas desaprovadoras daqueles castelhanofalantes que repudiam o galego. Parece que estamos vivendo umha época anterior à nossa.

Para ti, a língua galega nom acaba na Galiza, e sim é compartilhada com outras sociedades como a brasileira ou a portuguesa. Como chegaches a essa forma de ver e de viver a língua com umha focagem reintegracionista?

Com a comprovaçom de que a língua que eu falo é a mesma que a que fala umha pessoa portuguesa ou brasileira, bem através da leitura de livros ou o visionado de filmes em português, e sobretudo com o contacto com gente reintegracionista, da qual me chamava a atençom que com a “simples” mudança de ortografia pudesse comunicar-se e soar familiar tanto com umha pessoa galega como com umha brasileira (por exemplo). Isto, junto com umha pequena base histórico-linguística, permitiu-me compreender que realmente o galego-português medieval nom se subdividiu em duas línguas diferentes, senom que por questons geopolíticas surgirom as distintas variedades tópicas atuais, como em qualquer outra língua (tendo os exemplos próximos e evidentes do castelhano ou do inglês).

Por que deches o passo à escrita em reintegrado? De que forma conseguiches achegar-te ou aprender essa escrita?

Dar o passo à escrita em reintegrado foi necessário, de acordo com o que até o momento fora descobrindo e reflexionando. Seria incongruente nom tê-lo dado, estava e estou de acordo com o porquê desta ortografia, importa-me a nossa língua e vejo-me na obriga e no direito de defendê-la. Para consegui-lo, botei mão do Estudo Crítico e do Dicionário Estraviz; a prática continuada fixo o resto.

Que é o que dirias a alguém que vive o galego como sendo só a língua da Galiza?

Essa introversom imposta nom é para nada útil nem necessária, pois afastamo-nos de toda umha grande comunidade com que podemos compartilhar cultura e enriquecer-nos, à vez que cuidamos de que a nossa língua nom desapareça da Galiza pola influência negativa e absorvente do castelhano —tanto no número de falantes, que nom para de baixar, como na essência da língua, que cada vez metamorfoseia mais cara ao castelhano—. É questom de investigar e comprovar que o isolacionismo nom leva a outro lado que nom seja a perda da identidade e da cultura do povo galego; e também de dar-lhe a toda esta problemática a importância que tem. Ademais, a mudança de ortografia nom é tam dramático como pudesse parecer; o costume de escrever em ILG-RAG perde-se rapidamente e com prática tudo sai.

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