Dous títulos da Através Editora, Ostrácia (Teresa Moure) e seique (de Susana Sánchez Arins) aparecem entre os dez romances em galego mais vendidos no mês de outub… ro. Assim o recolhe o blogue Caderno da Crítica, de Ramón Nicolás, que cada mês publica um tabuleiro do livro galego com as obras mais vendidas, segundo os dados que forncem as livrarias colaboradoras.
Ostrácia
Dum lado, a História; doutro, a intimidade. Dum lado, as palavras de ordem das ideologias políticas revolucionárias. Doutro, o orgasmo múltiplo e os fetiches do Domínio e a Submissão. Dum lado, as figuras de Lenine, Alexandra Kollontai, Nádia Krupskaia e, sobretudo, Inessa Armand. Doutro, a experiência de escrever sendo mulher e, portanto, interpretada como autora de textos vagamente feministas, reivindicativos mas também florais e românticos. Quando a escritora acha um fio narrativo singular –a vida da revolucionária bolchevique Inessa Armand–, experimenta certas contradições.
Inessa Armand é um nome secundário na história, apenas identificável como “a amante de Lenine”. Aliás, participou ativamente na cúpula bolchevique, fundou Sociedades feministas, dirigiu jornais, enfrentouse às normas sociais ao abandonar o marido para marchar com o seu cunhado, de dezassete anos, e foi obrigada a exilarse dois anos no Ártico. Porém, Ostrácia não pode ser mais um romance sobre a épica das mulheres bravas porque a escritora tem a vontade de explorar o território da exclusão, das margens, esses espaços da dissidência política onde os “nossos” nos confinam por não luzirmos tão claros e obedientes como dantes.
Ostrácia é um castigo merecido, um lugar e um tempo para reinventarse. E os amores entre Lenine e Inessa Armand reescrevem as vidas atuais e explicam o relato das revoluções interiores. Se a militância for entrega, se as ideologias tiverem que mudar o mundo, então Inessa Armand e a escritora devem entrelaçarse para contar o nunca contado: que Política e Erótica vão da mão, que tudo na Política, como na cama, se reduz a bailar com o Desejo. Para a política não ser politiquinha e o Desejo não se conformar com desejinhos. Para fazermos habitável a Ostrácia.
seique
A nova obra de Susana Arins, seique, nom é um poemário, nem um romance, nem um ensaio, nem umha pesquisa histórica… Porém, recolhe alguma cousa de cada um desses géneros. «Nasce de umha estória de vida insignificante, anónima, para abordar umha reflexom sobre a [des]memória e as maneiras de construir a História», recolhe a ficha do livro na página web da editora.
Esta obra nom pretende ficcionar uma história, tomando como base uns factos conhecidos de todas, «mas todo o contrário»: parte de uns factos desconhecidos, «seique por particulares, ou por insignificantes, seique», como a história de um fascista tam sem importância que nem sequer aparece nos arquivos, mas que sim existiu, «deixando, seique, marcas que as suas vítimas nom esquecem [ou sim]».
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