Sabela Fernández, professora de Língua e Literatura espanhola em Arçua

PGL – Sabela Fernández, professora em Arçua onde os seus alunos e alunas nom só falam galego como tenhem orgulho de o falar. Tem propiciado intercámbios com escola portuguesas, nom gosta do termo normalizaçom e prefere o de naturalizaçom. Acha a estratégia luso-brasileira ser mais universal.

Sabela Fernández é professora de Língua e Literatura espanhola em Arçua. A imensa maioria dos teus alunos e alunas som galegos falantes, nom som? Em que se diferencia Arçua doutras vilas para apresentar este panorama?

Sim, a maior parte do meu alunado é galego-falante. Desconheço qual pode ser a razom exata. O que sim constato é que a língua de transmissom familiar maioritária é o galego em todas as geraçons, mesmo nas mais novas e sem nenhum tipo de complexos. Polo geral, noto o orgulho de falá-lo; outras vezes, simplesmente é a língua materna de jeito natural.

Os anos anteriores realizaste um intercámbio com um centro de ensino de Póvoa de Varzim. Em que medida isto contribui para a normalizaçom linguística dos teus alunos e alunas?

Respondo com algumha das respostas que eu colectei quando terminei as experiências. Acho que as suas palavras falam por si mesmas: “Dou-me de conta de que o galego é importante”!, “Mostrar interesse por umha língua e umha cultura a que nunca prestara atençom e que consegui entender sem muito esforço” “A língua já antes a valorava muito mas sim que me dei de conta de que podemos falá-la com mais gente que com os galegos”

Nasceste em Ourense, umha das cidades onde a nossa língua está mais viva a nível oral. Como foi a tua vivência linguística na tua infáncia e adolescência?

A minha família é de fora ou foi criada fora, logo o galego para mim só cobrou um sentido na adolescência quando estudava no liceu através de professores-as e companheiros-as que o falavam. Paradoxalmente sempre senti umha certa carência por nom saber falar galego e nom ter raízes culturais muito galegas.

Como soubeste da estratégia luso-brasileira para o galego?

Sou filóloga, e ainda que já no liceu conheci as duas teses, foi na faculdade quando entrei em cheio na dialética e confrontaçom de ambas as posturas. Para mim, a tese luso-brasileira é a mais filológica, a mais linguística, a mais universal ou chama-lhe x. Em concreto, no que diz respeito à grafia, jamais entendim a reticência da tese oficial de empregar as letras sibilantes e em geral, a querer simplificar tudo. Suponho que é porque também venho parcialmente do mundo da filologia clássica e som um bocado latinista conservadora (risos).

Como se pode envolver nesta estratégia a gente nova?

Fomentando o relacionamento lúdico com meninos e meninas portugueses e brasileiros e conseguir mais espaços de naturalizaçom em espaços luso-brasileiros que sejam atraentes para eles. Um exemplo: o ano passado participamos alunos e alunas da Equipa de Normalizaçom linguística de Arçua junto com outros rapazes e raparigas do grupo de teatro do concelho de Arçua na X Mostra de teatro escolar de Portugal durante dous dias completos.

O nosso centro era o único de fora do Estado já que o resto eram todos liceus portugueses. Para os nossos alunos, a experiência foi de inmersom total já que, além de representar a sua obra e visionar outras de outras escolas, participaram em atelieres de formaçom teatral em que a única língua veicular era o português. Após deste encontro e dous intercámbios que tivemos em duas escolas de Póvoa de Varzim, o presente ano e o anterior, alguns deles chegárom por si mesmos a conclusons muito esclarecedoras no que diz respeito à nossa língua.

Que sobra no movimento normalizador? Que linhas achas que deveriam ser abandonadas e que linhas deveriam ser potencializadas?

Acho que sobra o termo, a verdade eu prefiro o conceito de naturalizaçom do idioma. Nom me considero muito perita nesta área mas sim podo intuir que o verdadeiro problema para os próximos anos está na ruptura da transmissom da língua nas novas geraçons. Temos de ser realmente conscientes do facto dos miúdos, e nom só das cidades, sentirem cada vez mais como estranho e quase como umha “imposiçom” empregarem a língua galega.

Logo, é importante focalizar o trabalho normalizador nessa linha criando infantários e centros de ensino em galego, além doutras propostas de conscienciaçom das famílias tanto castelhano-falantes como das galegas-falantes. Nesta linha também se torna prioritário um protocolo de acolhimento linguístico em galego-português das pessoas imigradas. Os nossos projetos devem ser o mais agradáveis e inovadores possíveis para obterem umha resposta social maior.

Que te aliciou a te tornares sócia da AGAL? Que imagem tinhas da associaçom? Que esperas dela?

De algumha maneira ou outra, levava já bastante tempo partilhando experiências com gente da AGAL; imagino que a nova direçom com companheiros da mesma geraçom que a minha forma parte desta decisom. Penso que a AGAL atualmente constitui unha das estratégias mais esperançadoras e motivadoras para promover a nossa língua e espero que se atinjam muitos dos projetos que estám com tanta ilusom a se levar a cabo.

Conhecendo Sabela Fernández

 

  • Um sítio web: http://expositions.bnf.fr/
  • Um invento: A cafeteira.
  • Umha música: Do the Evolution de Pearl Jam.
  • Um livro: Il barone rampante de Italo Calvino.
  • Um facto histórico: As lutas femininas invisibilizadas ao longo da história oficial.
  • Um prato na mesa: Qualquer prato mediterránico.
  • Um desporto: Nadar e dançar.
  • Um filme: Fahrenheit 451.
  • Umha maravilha: A criatividade das pessoas para acometerem projetos.
  • Além de galega: galega de além.

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