Qual a visão que têm portugueses e portuguesas dos seus vizinhos do norte?
Esta e outras perguntas desvenda o professor Carlos Pazos-Justo em A imagem de Galiza em Portugal. De João de Redondella a Os galegos são nossos irmãos.
No verão de 1999, em cansativa procura de morada bracarense, fui ver um apartamento na rua do Fujacal, no qual vim a ficar durante quase um ano. Na despedida fui confrontado com esta inesperada pergunta, “então o professor é espanhol, não é?” – a Sra. Hermínia, a proprietária, teimava em tratar-me por professor apesar de eu ser apenas, e suficientemente na altura, um bolseiro – “eu sou galego”, respondi com alguma firmeza e maior surpresa. Não bastou. A Sra. Hermínia mostrou com mais determinação e constante decoro que ela não estava a alugar o seu apartamento a um galego. Por quê? Na altura, confesso, não entendi o que se passava e fiquei bastante contrariado ao sentir que a minha identidade e a minha origem estavam a ser postas em causa.
Este breve episódio pessoal, já por mim relatado noutros foros, espoletou o meu interesse pelas questões imagológicas. Está, de alguma maneira, na origem das páginas deste livro.
O Autor:
Carlos Pazos-Justo (Redondela, 1975) formou-se em Filologia na Universidade de Santiago de Compostela e doutorou-se em Ciências da Cultura na Universidade do Minho. É membro do Departamento de Estudos Românicos da UMinho e faz parte do Grupo de Investigação GALABRA.
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