Antonio Moura reside em Goiânia, capital do estado de Goiás, no centro do Brasil. É engenheiro civil e professor. Soube da Galiza pelo vínculo genético dos seus ancestrais. Acredita na declaração de Fernando Pessoa de que “minha pátria é a língua portuguesa. Deseja que a história e a grande contribuição da Galiza sejam finalmente reconhecidos por todos os países de língua portuguesa.
O Brasil tem uma extensão continental que deve dificultar olhar para fora da moldura. Que conhecimento tem uma pessoa brasileira comum da Galiza e da sua realidade linguística?
Um brasileiro comum desconhece totalmente a realidade da Galiza. A realidade linguística da Galiza também é desconhecida pela maioria, ficando circunscrita aos debates e pesquisas do meio acadêmico. O ideal seria que no ensino médio parassem de editar livros que abordam a existência de um “português arcaico” e descrevessem a verdadeira história da língua portuguesa e seu vínculo originário comum com o galego.
Ora, o Antonio Moura, sabe da nossa realidade. Como foi o processo de conhecimento?
O processo de conhecimento está associado ao vínculo genético de meus ancestrais às regiões da Galiza e norte de Portugal. Minha mãe possui o haplogroup H, que segundo as recentes pesquisas genéticas é predominante na região da Galiza.
Geneticamente minha mãe está associada à antiga Gallaecia, à cidade de Viseu, e a vinda de seus ancestrais para o Brasil está relacionada à diáspora judaica no período da fundação da primeira sinagoga das Américas em Recife, estado de Pernambuco. De lá meus ancestrais migaram para a Paraíba e Ceará. Do Ceará meus ancestrais paternos migraram para o Maranhão, do Maranhão meu pai migrou para a cidade de Anápolis no estado de Goiás. Já meus ancestrais maternos migraram diretamente do Ceará para a cidade de Anápolis no estado de Goiás.
O que nos pode contar da comunidade galega no Brasil?
A comunidade galega no Brasil é muito reservada, pelo menos na região em que moro. Não há por aqui qualquer associação ligada às tradições galaicas. Muitos nem sabem de sua ancestralidade genética e linguística ligada à Galiza. Só ouvimos falar de alguns emigrantes no Rio de Janeiro.
De que forma seria possível dar a conhecer a realidade galega no Brasil?
Devido à grande extensão territorial do Brasil, os meios de comunicação de massa assim como a TV aberta, rádio e Internet representam fortes instrumentos de propagação do conhecimento. Algumas emissoras de rádio e TV apresentam maior credibilidade e popularidade tais como a Rede Globo e a Band, já a Internet é vista com uma certa desconfiança em virtude da grade propagação de “fake-news” mas os aplicativos mais populares são o wathsapp, o Instagram e o facebook. Ainda acredito que a realidade da Galiza deva ser abordada em salas de aula e para isto os professores de história deveriam ser melhor preparados.
Porque decidiu torna-se sócio da AGAL? Porque quer apoiar o movimento reintegracionista?
Acredito piamente na declaração de Fernando Pessoa de que “minha pátria é a língua portuguesa”, logo na condição de um brasileiro agradecido, não posso me eximir da responsabilidade de que amar minha pátria implica, necessariamente em amar o idioma galego cuja autenticidade e síntese, é promovida somente pelo movimento reintegracionista.
Acredito piamente na declaração de Fernando Pessoa de que “minha pátria é a língua portuguesa”, logo na condição de um brasileiro agradecido, não posso me eximir da responsabilidade de que amar minha pátria implica, necessariamente em amar o idioma galego cuja autenticidade e síntese, é promovida somente pelo movimento reintegracionista.
Como imagina, ou deseja, que será o conhecimento da Galiza no Brasil em 2050?
Em 2050, desejo que a história e a grande contribuição da Galiza sejam finalmente reconhecidos por todos os países de língua portuguesa (galego internacional). Que a grandiosidade da Galiza não esteja mais às sombras do domínio espanhol, e que nossos irmãos sejam livres para gerir seu próprio destino.
Conhecendo Antonio Moura:
Um sítio web: https://distrowatch.com
Um invento: a Escrita.
Uma música: “Amanhã” de Guilherme Arantes.
Um livro: “Sapiens – uma breve história da humanidade” de Yuval Noah Harari.
Um facto histórico: a Revolução Científica.
Um prato na mesa: Pamonha e Pão-de-queijo.
Um desporto: futebol e Atletismo.
Um filme: Um sonho de liberdade de Frank Darabont.
Uma maravilha: Foz do Iguaçu e Cristo redentor.
Além de brasileiro: Um cidadão do mundo galego-português.