PGL – Iván Velho Ferreiro é de Barro, tem dolor de llengua, quer ser professor para acompanhar as novas geraçons, foi anti-reintegracionista e nom é favorável a usar em excesso o argumento utilitarista na promoçom social da língua.
Iván Velho é natural de Barro. Em que mudou o ambiente linguístico no teu concelho em contraste com os anos da tua infância?
Nom há muitos anos que deixei atrás a infância, mas em tam pouco tempo a situaçom mudou muito. Lembro bem que quando era neno nas minhas aulas só umha pessoa falava castelhano, e era vista por nós, 95% do alunado, como a excepçom. Hoje, desafortunadamente, nas mesmas salas de aula e tam poucos anos depois, já nom é estranho. A percentagem de nen@s castelhano-falantes cresceu muito. É francamente preocupante.
Um tema que te preocupa muito, até o ponto de nom te deixar dormir, é o processo de substituiçom linguística. O catalám Enric Larreula fala num seu livro de dolor de llengua. Tens os sintomas?
Acho que sim. A análise que faz o Enric Larreula sobre a substituiçom do catalám polo castelhano bem se podia trazer à Galiza. E é que ainda que as situaçons da Galiza e da Catalunha nom som idênticas, sim podemos dizer que há um paralelismo; diferentes sintomas para umha mesma doença. O “Dolor de llengua” é destas dores fundas que encolhem o coraçom, mas há remédio para essa dor.
Iván está a estudar Filologia. Em que tipo de trabalho gostavas que se transformasse esta formaçom? Por quê ou, melhor, para quê?
Gostaria de dedicar-me ao ensino, isso mais ou menos já o tinha claro desde neno, mas o porquê e o para quê nunca o pensara. Acho que tenho demasiadas esperanças postas nas geraçons que venhem e quero ser testemunha em primeira fila.
Que te motivou a dar um passo para a estratégia luso-brasileira? Foi fácil a transiçom?
Fácil? NOM! foi um processo muito difícil. Num primeiro momento odiava o reintegracionismo, nom saía polas noites armado caçar “reintegratas”, mas quase. Em certo modo devido à ignorância e ao “medo”. Mas com a chegada à Universidade e sobretudo graças ao ambiente de Compostela, a cousa foi mudando.
Pessoalmente, e acho que isto lhe ocorre a muitas pessoas, romper o binómio língua/ naçom nom me foi fácil. Precisei mudar o conceito de “naçom”, e depois umha cousa levou a outra.
Por onde pensas que deve transitar o reintegracionismo nos próximos anos? Que se está a fazer bem? Que se pode melhorar?
Esta-se chegando cada vez mais a um maior número de público, facto vital, mais polo de agora insuficiente. O reintegracionismo deve sair dos escritórios e dos ambientes intelectuais e impregnar todas as ruas do país, mas som bem consciente da dificuldade que isto implica.
Hoje já se está a trabalhar nisso, mas lutar pola entrada do português no ensino médio acho que deve ser a prioridade. Quando isso esteja atingido, a consciência das pessoas mudará, e entom o reintegracionismo já vai poder trabalhar com a sociedade.
Creio também que se deve evitar falar tanto de utilitarismo, pois nom defendemos o galego porque seja tam válido e tenha tanta força no mundo como o espanhol ou qualquer língua dominante, mas porque é o justo e o que nos corresponde como galeg@s.
Que exigirias aos partidos políticos na hora de implementar esta estratégia linguística e cultural?
Começaria por nom pedir nada a partidos espanhóis com sucursais na Galiza porque a Galiza e o galego importa-lhes nada, mas eu tenho as esperanças postas nos partidos galegos nacionalistas de esquerda, os quais de momento estám bastante longe de se somar à estratégia. Acho que umha das matérias pendentes do nacionalismo galego do século XXI é o reintegracionismo. É umha das cousas que toca, nom se pode esperar mais.
Que visom tinhas da AGAL, que motivou a se associar e que esperas da associaçom?
Pois num principio a visom que tinha da AGAL era a mesma que a que tinha do reintegracionismo, nom a queiras saber… mas a base de leituras e conhecimento foi mudando até ter hoje umha boa visom, já que se trabalha muito e bem.
O galego necessita ativismo linguístico e os partidos políticos de momento nom estám à altura da situaçom, por isso decidim somar-me, pois nom seria capaz de dormir às noites sabendo que quando acorde o galego perdeu falantes na Galiza e eu sem estar fazendo nada. Afinal é puro egoísmo…
Como gostarias que fosse a “fotografia linguística” da Galiza em 2020?
O 2020 está bastante perto… Conformaria-me com que a cousa nom fosse a pior quanto a número de falantes, que o português estivesse instalado no ensino médio e os partidos nacionalistas se tivessem já somado à estratégia.
Além disso, gostaria de que o governo da Junta do momento estivesse levando a cabo umha planificaçom linguística que esteja muito longe das que tem vivido a nossa língua neste país… (é dizer, boa).
Quando o povo recupere a consciência linguística e nacional começaremos a reconquista.
Conhecendo Iván Velho
- Um sítio web: Youtube
- Um invento: A imprensa
- Umha música: Mr. Tambourine Man-Bob Dylan
- Um livro: Desassossego
- Um fato histórico: A revoluçom que está de caminho
- Um prato na mesa: Qualquer um italiano
- Um desporto: Futebol
- Além de galego/a: Galega