Roi Cervinho: «Gostaria de que os galegos vissem que podem utilizar sem esforço duas das línguas mais faladas do mundo»

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Roi é galegofalante de sempre e é chefe dumha equipa comercial. Foi aluno da última ediçom do curso Escrever.com.nh, do qual tirou muito proveito. É reintegracionista desde há já algum tempo e assegura que a campanha do éMundial o ajudou a colher forças e perder o medo a escrever em galego internacional.

És de Marim, mas moras em Vigo há quatro anos. Como é o teu relacionamento com a língua numha cidade como Vigo?

Eu percebo que a gente do centro de Vigo vê o galego como umha espécie de legado cultural, como a língua para questons de ócio ou festivas e mais nada. Diria que som conscientes de que há gente que o usa como língua habitual no próprio concelho e comarca de Vigo (só há que sair às paróquias da cidade) mas nom entendem que possa ser umha ferramenta de trabalho genial com a que já estamos equipados a imensa maioria dos galegos.

Fizeste o curso Escrever.com.nh. Achas que valeu a pena? Tiraste proveito na vida real deste curso?

Acho que valeu totalmente a pena. Os conteúdos som verdadeiramente práticos desde a primeira liçom e com a ajuda do professor, que no nosso caso foi o Afonso, deixei atrás já uns quantos falsos amigos e castelhanismos que largava com freqüência.

É curioso porque quando íamos pola metade, mais ou menos, do curso tive que atender no trabalho umha mulher brasileira, de Salvador da Bahia. Nom me cortei, e de primeiras dixem-lhe que estaria encantado de atendê-la em português. O resultado foi umha larga conversa de quase umha hora na que para além das questons principais da sua visita, se debateu a Lusofonia, a diáspora galega e mil cousas mais. Fui para casa orgulhoso de mim próprio e nesse momento fui consciente, como diria o Spiderman, do poder que tinha na minha mao.

Qual é a situação da língua no teu setor profissional? Há lugar para o reintegracionismo?

No meu setor profissional a nossa língua vive na marginalidade mais absoluta. Muitíssimo mais do que no setor da banca, onde se tratam de guardar mais as aparências. A gente nom demanda documentaçom nemhumha em galego, dando por feito, como em tantas outras cousas que o normal é que esteja em castelhano, quando sei que com o catalám nom é assim, por exemplo. Os empregados pouco podemos fazer se nom há demanda por parte dos consumidores.

Como deste o passo para o galego internacional?

Pois porque já nom podia com tanto ‘x’ por todas as partes (risos). Falando um pouco mais a sério, simplesmente comecei a reparar na nossa língua, na sua ortografia e a ser um pouco crítico. Começar a ler artigos que me interessavam em galegoportuguês e demais, e ver que só havia que fazer um mínimo esforço e começar a viver num novo mundo imensamente amplo. Para mim foi muito natural, ainda que já tinha tentado dar o passo uns anos antes e tinha desanimado pola reaçom da gente do meu entorno. Suponho que ter uns anos mais faz-te ser menos permeável frente ao que pensem o resto.

A minha família (meus pais foram alfabetizados em castelhano integramente) teve umha reaçom surpreendentemente natural e ainda hoje nom me pediram qualquer explicaçom. Para mim é mais umha prova de que tirando a máscara dos prejuízos, quem nom escreve galegoportuguês é quem nom quer.

Que visom tinhas da AGAL, que te motivou a te associares e que esperas da associaçom?

Espero que siga polo caminho que leva até agora: da positividade e de somar sempre, de ajudar a que a gente seja capaz de olhar através desse muro férreo que é a oficialidade atual. Penso que é o melhor jeito de difundir as ideias da AGAL.

Como gostarias que fosse a “fotografia lingüística” da Galiza no ano 2020?

Gostaria de que fosse umha Galiza bastante mais consciente do seu potencial, cousa que tampouco é muito difícil. Gostaria de que entre 2015 e 2020 houvesse algum tipo de “despertar” ou semelhante e que os galegos vissem que podem utilizar duas das línguas mais faladas do mundo sem esforço, do impulso que isso nos pode dar como país.

Conhecendo Roi

  • Roi CervinhoUm sítio web: Por todas as vezes que me tem ajudado, www.estraviz.org
  • Um invento: a Internet
  • Umha música: Metal, Rock e derivados
  • Um livro: Paraíso Perdido, de John Milton
  • Um facto histórico: a Revoluçom Ucraniana
  • Um prato na mesa: a empada da minha mae
  • Um desporto: basquetebol
  • Um filme: Groundhog Day, com o Bill Murray
  • Umha maravilha: deixar de fumar
  • Além de galego: do Morraço

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