Sara Rey: “Começar com a Semente Primário, foi um desafio que adorei”

sara-1Sara Rey é da Marinha, cresceu num bairro de trabalhadores de Alumina-aluminio. Em Viveiro, no secundário, tem umha ótima influência, Bernardo Penabade. Forma-se em Ourense onde fai parte do projeto social da Esmorga. Passou nove anos na Inglaterra e ao seu regresso aterrou no grande projeto educativo da Semente onde é professora em primário. Para o ano 2040, otimismos e pessimismos travam umha dura batalha.

Sara nasceu em Jove, na Marinha Ocidental. De pais galego-falantes, foi educada em castelhano. Era a mecânica comum da tua geraçom?

Medrei num bairro próximo a Jove, construido a finais dos anos 70, para trabalhadores de Alumina-aluminio naquela altura, hoje Alcoa, que esta a aparecer novamente nos mass-média. Ali chegárom famílias de diferentes partes do estado. Acho que nom houbo nenhuma família que mudasse para o galego, inclusive depois de passar 40 anos ali. Polo contrário, as famílias galegas, aceitárom o castelhano como língua veicular para conversar com as novas famílias, com as mestras, e mesmo para nos educar. Podiam-se contar as crianças que falavam galego com os dedos dumha mao, e acho que hoje a situaçom nom mudou muito.

No ensino secundário algumas pessoas sentem umha pulsom para mudar certas aspetos da sua vida, por exemplo a língua, como foi o teu caso. Lembras esse processo? Tiveste aliad@s?

A mudança de Jove para Viveiro, para o ensino secundário, nom foi fácil; quando chegamos éramos as da aldeia, as parolas. Tivemos a grandíssima fortuna de ter um dos referentes educativos que marcárom o meu rumo, Bernardo Penabade.

Achegou-nos a figura de Carvalho Calero e fixo que começasse a questionar a minha escolha linguística. Foi mais tarde, quando fum continuar os meus estudos para Ourense, quando o meu ativismo a prol da língua começou a ser intenso.

A Esmorga era um oásis em Ourense, e quanto mais quando mudou a zona universitária. Achegava cultura e ativismo à cidade, concertos, cinema, palestras… foi umha mágoa o seu encerramento.

Sara formou parte do centro social da Esmorga, em Ourense, agora inativo. Que dava umha entidade desta natureza à cidade? Que te deu?

A Esmorga era um oásis em Ourense, e quanto mais quando mudou a zona universitária. Achegava cultura e ativismo à cidade, concertos, cinema, palestras… foi umha mágoa o seu encerramento. Pessoalmente foi um ponto de encontro para achegar-me a atividade cultural e lazer na nossa língua, fizem grandes amizades lá e acho que também influiu na escolha da vila onde fazer Erasmus, a minha querida Coimbra.

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Sara com Thays, professora da Semente Infantil.

Moraste nove anos na pérfida Albiom. Quais foram as motivações para rumar para a Inglaterra e como lembras a tua estadia?

Por umha parte vinha de concluir um ano de voluntariado europeu na cidade bosnia de Mostar,  de usar o inglês para comunicar-me, que naquele momento era bastante limitado. Queria melhorar o inglês enquanto decidia qual era a seguinte paragem e sabia que na Inglaterra nom seria difícil encontrar trabalho como Au-Pair. Por outra parte queria experimentar o que fizeram os meus pais a começos dos 70 quando emigrárom à cidade inglesa de Eastburne, e da qual sempre falavam com boas recordações. Partia apenas para um ano, o segundo ano comecei a trabalhar como mestra e fiquei nove. Mal nom estivem.

A dada altura, ano 2018, recebes a proposta de te tornares professora no projeto de primária da rede de escolas Semente. De fora, o sentimento é que estades a fazer história. Que se sente de dentro?

Com certeza a emoçom é imensa.  Começar com a Semente Primário, foi um desafio que adorei. Formar parte da Semente é fortuna. Ver medrar o projeto é mui gratificante, e muito mais que está para vir.  O mesmo entusiasmo continua. Medre a Semente!

Em que medida é importante que as crianças galego-falantes vivam a sua língua como sendo partilhada com outros países?

Acho que e fundamental para a autoestima linguística das crianças, também para terem acesso ao mesmo tipo de literatura, música ou audiovisuais internacionais e para chegarem a entender a importância de poder usar o galego ao redor do mundo.

As crianças vivirem a sua língua como sendo partilhada com outros países é fundamental para a sua autoestima linguística e também para terem acesso ao mesmo tipo de literatura, música ou audiovisuais internacionais.

Como foi o teu processo de aproximaçom à estratégia lusobrasileira para a nossa língua? Porque te tornas sócia da AGAL?

Iniciativas como Agal som imprescindíveis para continuarmos a achegar o galego a umha dimensom internacional e necessária para termos acesso a ensaio linguístico e literatura com umha perspetiva internacional.

Imagina o ano 2040. As crianças das tuas turmas estám perto dos trinta anos. Como pensas, nessa altura, que vai ser a sociedade do ponto de vista linguístico? Como é que vam ser elas?

Muitas vezes penso em positivo, e sei que as crianças da Semente som bravas e mudarám o mundo, mas quando vejo outras crianças da sua idade noutros contextos a situaçom torna-se preocupante e devastadora, desconhecimento absoluto da língua, rejeitamento desde umha curta idade… o meu positivismo desaparece. Nom sei…

Conhecendo Sara Rey

Um sítio web: The daily mash

Um invento: Teletransporte, aguardando tenha sucesso

Umha música: A nossa história –  A matraca perversa

Um livro: Le Petit Prince

Um facto histórico: 8 marmorizo 1910 Conferência internacional de mulheres socialistas

Um prato na mesa: Caldo

Um desporto: Baile, conta n’é?

Um filme: The life of Brian

Umha maravilha: Educar na Semente

Além de galego/a:  Castelhano e Inglês

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